Os dados da DIG-IN mostram que a maioria dos restaurantes em Portugal continua mal preparada para receber famílias—desperdiçando oportunidades de receita e fidelização de um dos grupos de clientes mais valiosos e consistentes.

67%
Restaurantes Perdem Segmento Familiar
Apenas 33% estão efetivamente otimizados para famílias
+23%
Maior Envolvimento
Restaurantes “family-friendly” registam maior fidelização
+18%
Prémio de Receita por Mesa
Grupos maiores geram tickets médios mais altos

O Descompasso Familiar

O setor da restauração continua a crescer em Portugal — mas está a ignorar um dos segmentos mais constantes e rentáveis: as famílias. A análise da DIG-IN, com base em 178 categorias de restaurantes, mostra que apenas 33% dos espaços estão preparados para oferecer uma experiência familiar adequada.

A diferença é mensurável: os restaurantes otimizados para famílias geram mais 23% de envolvimento e uma receita por mesa 18% superior. Mesmo assim, dois em cada três restaurantes não têm o ambiente, menu ou serviço adequado para acolher grupos de várias idades.

Este padrão é consistente com dados internacionais, como os do National Restaurant Association (EUA), que confirmam que as famílias representam um motor de receita previsível e recorrente ao longo do ano.

Porque é que as Famílias Importam (e o Desalinhamento Está a Crescer)

Seja durante a semana ou aos fins de semana, famílias são um público regular, previsível e com poder de influência. O problema está na perceção que muitos restaurantes têm deste segmento: como se fosse um nicho ou apenas sazonal, e não um pilar estratégico de negócio.

Volta às Aulas: Um Momento de Arranque

Apesar da procura ser constante, agosto é um momento crítico:

  • As crianças estão de férias e os pais tentam gerir dias cheios de atividades
  • As rotinas começam a alinhar-se para o regresso às aulas
  • Comer fora torna-se uma recompensa ou escape no meio da logística familiar

Os dados da DIG-IN para agosto mostram um pico significativo no envolvimento familiar, confirmando que este é o momento certo para lançar ou reforçar uma estratégia familiar — e prolongá-la para além de setembro.

Este fenómeno também é refletido em mercados internacionais. Por exemplo, o NPD Group documenta aumentos claros no tráfego de famílias em restaurantes durante o regresso às aulas nos EUA.

O Que as Famílias Procuram (e o Que os Restaurantes Ignoram)

O comportamento familiar em contexto de restauração difere bastante de outros segmentos:

  • Conveniência acima de tudo: menus simples e serviço rápido são preferidos
  • Tamanhos de grupo variáveis: desde duplas pai/filho a grupos multigeracionais
  • Valor bem avaliado: especialmente em períodos com muitas despesas (como o regresso às aulas)
  • Flexibilidade é chave: cadeiras para crianças, horários adaptados, tolerância ao ruído

A segmentação da DIG-IN revela ainda grandes variações geográficas:

  • Famílias urbanas: preferem rapidez e simplicidade
  • Famílias suburbanas ou rurais: valorizam espaço e tempo para estar
  • Zonas turísticas: elevada procura por parte de famílias nacionais e estrangeiras

A Vantagem dos Restaurantes “Family-Optimized”

Os estabelecimentos que atendem bem este público beneficiam de:

  • +23% de envolvimento nas visitas de verão e ao longo do ano
  • +18% de receita por mesa, devido ao tamanho dos grupos e pedidos combinados
  • Fidelização mais elevada, com visitas semanais ou mensais regulares

Este não é apenas um desafio sazonal — é estrutural. E o fosso entre quem aposta e quem ignora este segmento está a crescer.

Como é um Restaurante Otimizado para Famílias?

Os melhores performers neste segmento têm padrões em comum:

  • Flexibilidade na disposição: mesas para 4–8, cadeiras de criança, áreas para grupos
  • Menus simplificados: leitura rápida, opções para todas as idades e menus combinados
  • Ambientes tolerantes ao ruído: com planeamento acústico ou kits de atividades para entreter crianças
  • Serviço pensado para pais: rápido, empático e capaz de lidar com vários ritmos de refeição numa só mesa

Do ponto de vista de menu, a DIG-IN encontrou:

  • Formatos de partilha reduzem fricção e custos
  • Bebidas frescas e sobremesas são chave nos “momentos recompensa”
  • Informação clara sobre alergénios aumenta a confiança dos pais — tal como já promovido em diretrizes da EFSA

A Tecnologia como Aliada no Atendimento Familiar

A tecnologia pode melhorar a experiência sem substituir o toque humano:

  • Pré-encomendas móveis: reduzem tempo de espera, ideal para pais com crianças pequenas
  • Gestão de mesas: permite alocar lugares adaptados (cadeirinhas, carrinhos, etc.)
  • Gestão de alergias: ferramentas de rastreamento que permitem pedidos seguros
  • Atualizações por app ou SMS: reduzem stress nas horas de maior movimento

Usada com intenção, a tecnologia amplifica a hospitalidade — um trunfo para conquistar este segmento.

Oportunidade Perdida com Potencial Anual

Embora agosto e dezembro tragam picos evidentes, os dados mostram procura sólida durante todo o ano:

  • Sextas-feiras e domingos são momentos de alta procura familiar
  • Entre as 17h e 19h, há picos urbanos pós-escola
  • Fins de semana prolongados e vésperas de feriados registam tickets e durações de visita superiores à média

Ainda assim, 67% dos restaurantes continuam a tratar o familiar como algo “pontual” — quando o terço que investe de forma contínua mostra que é uma estratégia rentável a longo prazo.

Conclusão: O Imperativo da Otimização Familiar

Os dados da DIG-IN são claros: restaurantes que não apostam no segmento familiar estão a abdicar de receita, fidelização e construção de marca.

Aproveitar momentos como o regresso às aulas pode ser o ponto de partida ideal para construir relações duradouras. A questão não é se vale a pena investir em experiências familiares — é quem o vai fazer primeiro, antes que os concorrentes ocupem esse espaço.

Para mais insights sobre como os restaurantes podem adaptar-se a diferentes públicos, consulte também a nossa análise sobre consolidação de mercado e expansão de horários.

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